terça-feira, 1 de dezembro de 2009

1 de Dezembro de 1640


"No dia 1 de Dezembro de 1640, numerosos fidalgos armados acorrem ao paço habitado pela Duquesa de Mântua, vice-rainha de Portugal. Penetram no Palácio, vencem as resistências e executam Miguel de Vasconcelos, traidor à Pátria, hediondo símbolo do domínio dos Áustrias. O velho D. Miguel de Almeida assoma a uma varanda e anuncia ao Povo a libertação do Reino. Forma-se imediatamente uma grande multidão que aclama El-Rei D. João IV.
Esta Revolução, preparada havia meses, deve-se essencialmente à coragem, à dedicação e ao entusiasmo viril de um punhado de conjurados, jovens fidalgos reunidos em volta de D. Antão de Almada. Foi no Palácio dos condes de Almada, hoje sede do Comissariado Nacional da Mocidade Portuguesa, que se realizaram as reuniões secretas dos Restauradores. É digno e justo apontar às novas gerações o nobre exemplo que esta data encerra. Não devemos esquecer que a acção firme e consciente de uma pequena élite pode salvar uma situação considerada desesperada.
Quando certos princípios estão em perigo, quando a Justiça e o Direito são ultrajados, a inacção chama-se complacência culpável, e a renúncia chama-se cobardia. Mas isso não se dirá de nós. No momento em que a Pátria sofre mutilações e feridas no seu corpo, não podemos tolerar que seja também atacada no seu espírito. A juventude que salvou Portugal em 1640 tem de ser o exemplo da juventude actual para vencermos e aniquilarmos a traição."

Luís Fernandes
in «Agora», n.º 289, 17.12.1966.

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