quarta-feira, 8 de julho de 2009

Não seremos os últimos

«Se o Europeu se habitua a não mandar, bastará geração e meia para que o Velho Continente, e atrás dele o mundo todo, caia na inércia moral, na esterilidade intelectual e na barbárie omnímoda. Só a ilusão do império e a disciplina de responsabilidade que isso inspira podem manter em tensão as almas do Ocidente. A ciência, a arte, a técnica e tudo o resto vivem da atmosfera tónica que é criada pela consciência de mando: se esta faltar, o Europeu envilecer-se-á pouco a pouco. As mentes já não terão essa fé radical em si mesmas que as lança enérgicas, audazes, pertinazes, à captura de grandes ideias novas em todas as ordens. O Europeu tornar-se-á definitivamente quotidiano. Incapaz de esforço criador e de luxo, recairá sempre no ontem, no hábito, na rotina. Tornar-se-á uma criatura grosseira, formulista, chocha, como os Gregos da decadência e os de toda a história bizantina.»

Ortega y Gasset
in "A Rebelião das Massas", 1930.

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