domingo, 8 de março de 2009

União dos Solidaristas Russos

A União Nacional dos trabalhadores e dos solidaristas russos (NTS), em russo Народно-Трудовой Союз российских солидаристов (НТС), é uma organização nacionalista e anti-comunista fundada em 1930 por jovens emigrados russos brancos exilados em Belgrado.

Visando a mudança de regime pela força, o movimento foi criado em resposta à resignação dos veteranos dos exércitos brancos desencorajados pela derrota na guerra civil russa. Aceitando a adesão de elementos de outras nacionalidades (polacos, bálticos, georgianos, etc.), o movimento recusava membros com mais de 30 anos, evitando a participação de pessoas que tomaram parte nos eventos de 1917. Essa restrição foi suprimida no fim da década de 30. O movimento adoptou como símbolo o tridente idêntico ao do brasão de armas da Ucrânia, simbolizando as ligações históricas que uniam ucranianos e russos e transmitindo uma imagem revolucionária de uma "forquilha de povos em cólera". A sede do movimento situava-se em Frankfurt, na Alemanha.
Desde a sua origem, o movimento defendeu posições anti-comunistas, cristãs e corporativas, preconizando uma "terceira via" entre socialismo e liberalismo. Adoptou em seguida o termo "solidarismo". Ao contrário dos outros movimentos brancos, não defendia o regresso à monarquia, recusando pronunciar-se sobre a forma de regime político, manifestando contudo alguma simpatia com a ideia de um regime plesbicitário.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a maior parte dos elementos do movimento aderiram ao Comité de Libertação dos Povos Russos (КОНР, ou KONR), integrando o Exército Vlassov, que se bateu no seio da Wehrmacht. Outros, por patriotismo, optaram por juntar-se ao Exército Vermelho.
Ao contrário de outros movimentos emigrandos brancos, largamente infiltrados por agentes soviéticos, o NTS adoptou uma estratégia de recrutamento chamado "teoria molecular", impedindo a adesão de uma pessoa sem conhecimentos entre os membros do movimento. As acções eram levadas a cabo por células de três pessoas, tornando mais difícil uma possível infiltração. Quanto aos solidaristas russos que eram detidos pelo KGB, arriscavam interrogatórios, torturas e deportação para os Goulag. Em 1954, uma das personagens mais importantes do movimento solidarista russo, Alexandre Trouchnovitch, foi raptado em Berlim Ocidental pela Stasi, morrendo durante a sua transferência para uma viatura diplomática.

Durante a Guerra Fria, a sua principal actividade era a difusão pela população de folhetos, brochuras e obras anti-comunistas, nomeadamente de Sljenitsyne. A NTS possuía até uma antena de rádio, "Rússia Livre", emitindo a partir da Alemanha Federal em direcção à URSS, e beneficiando do apoio da CIA. Devido a pressões dos soviéticos, a estação acabou por ser encerrada pelo governo da RFA. Os activistas da NTS difundiam o certo número de samizdat e de revistas clandestinas, sendo a mais conhecida a "Posev" (Посев, que significa "sementes"), que contou com a colaboração de muitos escritores dissidentes, entre os quais Alexandre Galitch, Boulat Okoudjava, Gueorgui Vladimov, responsável da secção clandestina moscovita da Amnistia Internacional, e até Alexandre Soljenitsyne.
Após a queda do bloco comunista, a NTS deixou de existir enquanto movimento clandestino, tornando-se um movimento político nacionalista e conservador, marginal na cena política. A revista Posev ainda existe, hoje sob a forma de jornal literário e também como editora.

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