terça-feira, 31 de março de 2009

Jornada sobre o Futurismo

Na manhã de 20 de Fevereiro de 1909, na primeira página do Figaro – de lado, ao alto e à esquerda – aparece um artigo assinado por Filippo Tommaso Marinetti: o 1º Manifesto do Futurismo. É o nascimento do movimento artístico/literário que teve no seu baptismo todas as vanguardas da Europa, uma revolução total que abrangeu a literatura, a arte, a política, a vida de todos os dias e de onde partiram depois todas as pesquisas artísticas do Século XX. Por ocasião do centenário da criação do Futurismo, estudiosos e promotores culturais estão a levar a cabo, um pouco por todo o lado, inúmeras iniciativas ligadas ao acontecimento: exposições, manifestações, festejos, convénios, cerimónias, espectáculos teatrais, projecções, etc.

O Departamento de Línguas e Literaturas Modernas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em colaboração com o Instituto Italiano de Cultura, associando-se a estas celebrações, propõe uma 'JORNADA SOBRE O FUTURISMO' - durante a qual se alternarão conferências, audições e leituras de textos futuristas – a fim de oferecer a possibilidade de reflectir sobre os elementos de vitalidade ainda presentes num movimento cultural, tão influente quão discutido, dando uma ocasião de debate sobre uma sua possível actualização.

Informações
Data: quarta-feira, 1 de abril de 2009
Horários: das 14h00 às 17h00
Local: Auditório 2 – Torre B – 3º Piso – FCSH – Avenida de Berna 26 C
Organização: Departamento de Línguas e Literaturas Modernas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
Em colaboração com: Instituto Italiano de Cultura de Lisboa
Entrada livre

segunda-feira, 30 de março de 2009

«Turbodinamismo»

No centro de Roma, dezenas de cartazes de dois metros por dois, de Robert Brasillach, sublinham o lançamento do projecto artístico «Turbodinamismo», pela CasaPound.

Roma despertou esta manhã sob o olhar de Robert Brasillach, grande poeta e escritor francês fuzilado em 1945, cujo centenário do nascimento se comemora amanhã. Da via del Corso à Piazza Farnese, da via del Babuino à piazzale Flaminio, passando pela via Nazionale, a piazza San Calisto ou Trastevere, a capital está coberta de centenas de cartazes do poeta. A acção foi reivindicada pela CasaPound que explica: «Na noite de 29 a 30 de Março, comemorámos dignamente o nascimento do «Turbodinamismo» — corrente artística recém-nascida, ligada à associação para a promoção social CasaPound Itália — colando dezenas de cartazes que arvoram o retrato de um dos maiores poetas europeus, Robert Brasillach».

O poeta francês, autor dos lendários «Poèmes de Fresnes» mas também de «Notre avant-guerre», foi assassinado no dia 6 de Fevereiro de 1945. Nós quisemos prestar homenagem a este artista genial e irreverente. Podíamos também ter utilizado a imagem de Nietzsche, Buda, Evola, Debord ou desenhar a barba de Marx. Não excluímos fazê-lo no futuro. Aos que se interrogam por que fazemos isto, principalmente pela irreverência, o gosto da boutade como forma de arte.

Reivindicamos o direito ao «gesto belo», anunciamos assim o aparecimento dos «Turbodinamisti», artistas filósofos autoproclamados filhos de todos e de ninguém.

O homem é naturalmente resignado

«O homem é naturalmente resignado. O homem moderno mais do que os outros, em consequência da extrema solidão que o mergulha uma sociedade que praticamente já não conhece entre as pessoas outras relações que não sejam as do dinheiro. Mas mal andaríamos se acreditássemos que essa resignação faz dele um animal inofensivo. Ela concentra no homem venenos que, chegando o momento, o tornam disponível para toda a espécie de violência. O povo das democracias não passa de uma multidão, uma multidão mantida na expectativa pelo Orador Invisível, pelas vozes vindas de todos os cantos da terra, pelas vozes que a agarram pelas entranhas, que exercem tanto mais poder sobre os seus nervos quanto mais se dedicam a falar a própria língua dos seus desejos, dos seus ódios, dos seus terrores. É verdade que às democracias parlamentares, mais excitadas, falta temperamento. As ditatoriais, essas, têm fogo no ventre. As democracias imperiais são democracias com cio.»

Georges Bernanos
in "Os grandes cemitérios sob a Lua", Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1988

terça-feira, 24 de março de 2009

A nossa própria pátria está no passado

«Quando conhecemos efectivamente toda a monstruosidade da morte pelo fim daqueles que amamos, torna-se fácil dar-lhe muito menos importância quando se trata de nós mesmos, e de a olhar então com indiferença, seja com mais ou menos atracção. Para mim, esta atracção nasce em parte das circunstâncias presentes. Muito convencido que assistimos a uma queda imensa do homem e que forças materiais de uma potência irresistível trabalham, sem cessar e por toda a parte, para reduzir à uniformidade, à insignificância, à vulgaridade, estes seres humanos que se distinguiam outrora pela ideia de tantas qualidades diversas, persuadido de que o homem deixa para trás o auge da arte, do heroísmo, da virtude, seguro de que a minha própria pátria está no passado, deve tornar-se-me muito mais fácil deixar um mundo que não tem mais nada para me reter e do qual não terei a lamentar senão a luz. Os velhos de ontem tinham a tristeza de deixar o seu mundo durar para além deles. Uma melancolia mais subtil está reservada a alguns de entre nós: é ter visto o seu mundo acabar antes de si. Não lhes resta mais que juntar-se a esse grande cortejo dourado que se afasta, e confesso que, por vezes, tenho um pouco de vergonha de tardar.»

Abel Bonnard

segunda-feira, 23 de março de 2009

domingo, 22 de março de 2009

Vintila Horia

O escritor romeno de expressão francesa Vintila (ou Vintilă) Horia nasceu a 18 de Dezembro de 1915 em Segarcea (Roménia) e morreu a 4 de Abril de 1992 em Madrid. Após estudos de Direito, e depois de Literatura e Filosofia, os quais realiza em parte em universidades italianas e austríacas, foi um dos membros da missão diplomática enviada a Roma, durante o consulado de Mussolini. Após a inversão de alianças da Roménia, que se juntou aos Aliados em 1944, Horia foi feito prisioneiro pelas autoridades nazis e internado nos campos de concentração de Karpacz e de Maria Pfarr, de onde foi libertado um ano depois pelo exército britânico.

Decidido a não regressar a uma Roménia dominada de forma crescente pela União Soviética, Vintila Horia mudou-se então para Itália, onde se tornou amigo de Giovanni Papini. Entretanto, na Roménia, Horia foi julgado in absentia a prisão pertpétua por facilitar a propagação de ideias fascistas no país. Em 1948, partiu para a Argentina, onde leccionou na Universidade de Buenos Aires. Em Março de 1953, mudou-se para Espanha, para trabalhar como investigador de estudos italianos. Ganhou o prémio Goncourt em 1960 pelo seu romance "Deus nasceu no exílio". Contudo, devido à revelação da sua antiga militância nacionalista na Guarda de Ferro por alguns jornais franceses, a Academia Goncourt nunca lhe chegou a atribuir o prémio. O seu livro suscitou numerosas críticas da parte de Jean-Paul Sartre.

sábado, 21 de março de 2009

O Pensamento Único

"O pensamento único é cada vez mais único e cada vez menos um pensamento. A sua dupla sedimentação, ideológica e tecnocrática, leva-o a não tolerar quem se expressa fora das suas fronteiras. Não se dirige contra as ideias que considera falsas, as quais exigiriam ser refutadas mas contra as ideias que considera «más». Essencialmente declamatório e inquisitório, o pensamento único elimina as zonas de resistência mediante uma estratégia indirecta: marginalização, silenciamento, difamação (…). A fabricação da verdade, escreve Bernard Dumont, proíbe legalmente dizer certas coisas e inclusive ordena nem concebê-las, enquanto neutraliza as outras remetendo-as para o reino relativista das «opiniões». A percepção da realidade é alterada, a fronteira entre o mundo real e o mundo da representação esfuma-se, o clima de mentira generaliza a suspeita e desemboca na despolitização geral e num conformismo de massas, à vez necessidade vital e prémio de consolação dos indivíduos perdidos na «massa»."

Alain de Benoist

sexta-feira, 20 de março de 2009

quinta-feira, 19 de março de 2009

"Teremos de renunciar aos próprios sistemas"

«Os combustíveis fósseis permitiram que a espécie humana criasse e mantivesse sistemas altamente complexos a escalas gigantescas. As fontes de energia renovável não são compatíveis com esses sistemas e escalas. As energias renováveis não conseguirão ocupar o lugar do petróleo e da gasolina nesses sistemas. Teremos de renunciar aos próprios sistemas. Mesmo muitos "ecologistas" e "verdes" dos nossos dias parecem pensar que basta mudar a energia. Em vez de usarmos electricidade gerada por petróleo ou gás para fazer funcionar os aparelhos de ar condicionado de Houston, usaremos parques eólicos ou enormes painéis solares; teremos automóveis com combustíveis supereficientes e continuaremos a circular de um lado para o outro no sistema rodoviário interestadual. Não é isso que vai acontecer. O desejo de manter os mesmos sistemas gigantescos a escalas gigantescas, recorrendo a energias renováveis, ocupa o lugar central nas nossas ilusões sobre energia solar, eólica e hidráulica.»

James Howard Kunstler
in "O Fim do Petróleo - O Grande Desafio do Século XXI", Bizâncio, 2006.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Desvirilização

«Enfraquecimento dos valores de coragem e virilidade, em proveito de valores feministas, xenófilos, homófilos e humanitários.
A ideologia ocidental hegemónica executa esta desvirilização dos europeus, à qual não sucumbem os colonos alógenos chamados "imigrantes". A homofilia actual, como a vaga feminista da falsa emancipação da mulher, a rejeição ideológica da família numerosa em proveito do casal nuclear instável, a queda da natalidade, a valorização espectacular do Negro ou do Árabe, a apologia constante da mestiçagem, a recusa do valor guerreiro, o ódio a toda a estética de força e de poder, assim como a cobardia generalizada, são traços dessa desvirilização.
Confrontados com o Islão que preconiza todos os valores de virilidade conquistadora, os europeus encontram-se moralmente desarmados e complexados. Toda a concepção do mundo contemporâneo, quer venha do legislador, do ensino público, do episcopado ou da imprensa, dedica-se a culpabilizar a noção de virilidade, associada a uma "brutalidade fascista". A desvirilização seria um sinal de civilidade, de hábitos refinados, que é um discurso paradoxal por parte de uma sociedade que naufraga além disso no primitivismo e na violência.
A desvirilização, que é igualmente ligada ao individualismo narcisista e à perda do sentido comunitário, paralisa toda a reacção contra os meios dos colonizadores procedentes da imigração e do partido colaboracionista. Explica a fraqueza da repressão contra a delinquência imigrante, a ausência de solidariedade étnica dos europeus face aos alógenos e o "medo" patológico que sentem perante eles.
Além disso, a noção de "virilidade" não deve em qualquer caso confundir-se com a de "machismo" nem com a estúpida reivindicação de um qualquer "privilégio social masculino". No seu comportamento quotidiano, muitas mulheres se mostram mais "viris" que alguns homens. A virilidade de um homem é a condição da sua manutenção na História.»

Guillaume Faye
in "Pourquoi nous combattons - Manifeste de la résistance européenne", L’Æncre, 2001.

Em Bucareste como em Lisboa

terça-feira, 17 de março de 2009

Dos Baixos Instintos

"Ao contrário do catolicismo, o comunismo não tem uma doutrina. Enganam-se os que supõem que ele a tem. O catolicismo é um sistema dogmático perfeitamente definido e compreensível, quer teologicamente, quer sociologicamente. O comunismo não é um sistema: é um dogmatismo sem sistema – o dogmatismo informe da brutalidade e da dissolução. Se o que há de lixo moral e mental em todos cérebros pudesse ser varrido e reunido, e com ele se formar uma figura gigantesca, tal seria a figura do comunismo, inimigo supremo da liberdade e da humanidade, como o é tudo quanto dorme nos baixos instintos que se escondem em cada um de nós.
O comunismo não é uma doutrina porque é uma antidoutrina, ou uma contradoutrina. Tudo quanto o homem tem conquistado até hoje, de espiritualidade moral e mental – isto é, de civilização e de cultura – tudo isso ele inverte para formar a doutrina que não tem."

Fernando Pessoa

in "À Procura da Verdade Oculta – Textos Filosóficos e Esotéricos", 1915.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Acabou o recreio!

A Ordem Burguesa

"Ora as democracias, desenvolvendo por um lado o arrivismo e por outro o amor do lucro, colocam o Estado ao alcance dos ambiciosos que o souberem conquistar e segurar. Cria-se assim a ordem burguesa, bem caracterizada pela maneira sangrenta como se liquidam em democracia as convulsões populares. Luís XVI morreu no cadafalso porque recuou em frente do alvitre de mandar metralhar a canalha de Paris. Por outro tanto caiu nas jornadas de Julho a Realeza legítima. Já não acontece o mesmo na França republicana, com Clemenceau ordenando os massacres de Narbonne e de Davreuil, e na «livre América», com o milionário Carnegie, e autor do tal livro famoso, – A Democracia triunfante, fuzilando por conta própria os seus operários em greve. A ordem burguesa é, pois, a ordem que se defende no Estado unicamente por meio da força e que, não tendo consigo nem um passado nem um futuro, pratica, enquanto lhe é possível, a máxima de Guizot: - «Governar é aguentar-se no poder»."

António Sardinha
in "Durante a Fogueira", 1927

O revolucionarismo caricatural é o inimigo da revolução

«Não são os meios utilizados, mas sim os fins que caracterizam uma organização revolucionária. Os meios, esses, apenas dependem das circunstâncias. O partido bolchevique usou a força da ilegalidade e da violência, ao passo que o partido nacional-socialista, outra organização revolucionária, utilizou os únicos meios legais para conquistar o poder.
O exagero na expressão e as promessas de Apocalipse nunca fizeram o Nacionalismo avançar um passo, pelo contrário. O adversário encontra aí argumentos fáceis, o povo desvia-se dos homens que se apresentam como loucos perigosos, os militantes desencorajam-se ou deformam-se à sua volta. O revolucionarismo caricatural, nos conceitos, nas atitudes e na acção, é o inimigo da revolução. São sobretudo os elementos jovens que devem desconfiar. Vestir um disfarce baptizado de uniforme, confundir o sectarismo com a intransigência, apregoar uma violência gratuita, são práticas características do infantilismo. Alguns encontram aí a exaltação de um romantismo mórbido. A revolução não é um baile de máscaras nem um escoadouro para mitómanos. A acção revolucionária não é a ocasião de escalar ao purismo.»

Dominique Venner
in "Pour une critique positive", 1964.

quinta-feira, 12 de março de 2009

A grandeza perdida

Na axiologia fascista o sangue do herói vale mais do que as lágrimas do santo ou a tinta do sábio, a fidelidade e a honra estão acima da humildade, a justiça é mais apreciada do que a caridade, a cobardia e a vergonha são um mal pior que o pecado. O homem fascista é o porta-estandarte de uma ética da acção que fez a grandeza da Europa, ética que deve renascer para que possa relançar essa grandeza perdida.

Os Princípios da Acção Fascista

quarta-feira, 11 de março de 2009

Solidariedade

"Durante a noite, a sede do partido italiano Forza Nuova no bairro de Appio Latino foi atacada. Por volta das 2h34, uma bomba destruiu uma das entradas e uma parte do interior da secção «Massimo Morsello», em via Lidia. É o terceiro atentado contra a Forza Nuova em Appio. Na noite anterior, havia tido lugar um encontro dedicado à memória de Morsello, marcante cantautor italiano. Uma centena de pessoas haviam estado reunidas no local. Pensa-se por isso que a bomba visava lançar uma mensagem. No entanto, a única mensagem que compreendemos é que estamos mais que nunca empenhados na nossa luta política e que esse atentado, como os outros antes deste, não nos fará calar. Às 16h00 teve lugar uma conferência de imprensa na sede de via Lidia onde foram convidados jornalistas e responsáveis municipais e regionais, a fim de condenar o ódio antifascista que se exprime sempre por bombas e atentados."

terça-feira, 10 de março de 2009

Frei Fortunato de São Boaventura

"Professou no mosteiro cistercense da sua terra natal em 1795 e ingressou na Universidade de Coimbra, onde frequentou o curso de Teologia, doutorando-se em 1810. Foi nomeado lente substituto da referida Faculdade, mas parece que não chegou a subir à cátedra, optando por um lugar menos categorizado, o de mestre do Colégio das Artes da mesma cidade.
Em 1820, Frei Fortunato foi admitido na Academia das Ciências de Lisboa, de início como sócio correspondente e depois como sócio livre da agremiação. Deixou abundantes traços da sua actividade de humanista e historiador nas memórias da Academia, entre as quais o Ensaio de Um Índice das Palavras, Provérbios, Sentenças Morais e Frases que a Língua Portuguesa Tomou da Grega sem Intermédio da Latina.
Nesse período foi eleito cronista da sua ordem, não se limitando, porém, à tarefa erudita e paciente de recuperar os códices de São Bernardo. Defensor das ideias absolutistas, conservou-se silencioso durante o Governo Constitucional de 1820, mas logo que triunfou a reacção de 1823 tornou-se um jornalista acérrimo da escola do padre José Agostinho de Macedo. Publicou então, sucessivamente, o Punhal dos Corcundas, com trinta e três números editados, o Maço de Ferro Antimaçónico e o Mastigóforo, períodico de que saíram quatro números.

O golpe de Estado miguelista de 1828 encontrou em Frei Fortunato de São Boaventura um apologista exaltado e alcandorado ao alto do púlpito da Sé de Coimbra, a 25 de Abril, de onde pregou um sermão memorável em acção de graças pelo regresso do futuro monarca. D. Miguel não deixou de compensar tal fidelidade e, em 1829, o monge instalou-se em Lisboa para prosseguir a publicação do Mastigóforo, de que saíram mais oito números, substituído nesse ano pelo Defensor dos Jesuítas, jornal que foi acompanhado, em 1830, pela Contramina. Com o padre José Agostinho de Macedo, o monge de Cister formou uma dupla temível de combate aos liberais, incessanetemente fustigados pelo seu jornalismo planfetário.
No entanto, era unânime a reputação de Frei Fortunato como homem de puros costumes e vida morigerada, virtudes pouco aplicáveis a Agostinho de Macedo. Não espanta que a sua nomeação para reformador geral dos Estudos, em Agosto de 1831, tenha sido bem recebida. Em 29 de Setembro desse ano, o simpatizante miguelista foi elevado à dignidade de arcebispo de Évora, título confirmado pelo papa Gregório XVI, sendo sagrado em 3 de Junho de 1832. (...)
Pouco tempo se conservou Frei Fortunato na diocese eborense, já que a marcha triunfal do duque da Terceira, em 1833, desde o Alentejo até Lisboa, o obrigou a renunciar ao cargo. Já proscrito, o prelado enviou ainda duas pastorais aos seus diocesanos, tendo-se instalado em Estremoz e Borba em Abril de 1834. Todavia, com a assinatura da Convenção de Évora Monte, partiu para Roma, onde já se encontrava d. Miguel, juntando-se-lhe e partilhando com ele as agruras do exílio.

Não foi fácil a vida do arcebispo de Évora em Itália, de onde dirigiu várias pastorais aos sacerdotes e fiéis da sua diocese. Abandonado e sem recursos, sem as rendas da mitra, cuja administração o Governo Liberal confiara a uma junta, Frei Fortunato passou privações. No entanto, não abdicou de escrever, tanto em português como em italiano, embora as suas obras pouca receptividade tenham obtido entre nós, o mesmo sucedendo em Itália. Contudo, o seu nome era já conhecido em Itália, sobretudo em círculos eclesiásticos, que apreciavam o Comentarium de Alcobacensi Manuscriptorum, e também uma pastoral de 1822 que havia sido traduzida e publicada no periódico La Voce della Verità, onde o arcebispo passou a colaborar assiduamente e em que publicou artigos importantes. Um deles continua uma censura à expulsão das ordens religiosas de Portugal, em 1834, e outro era réplica a Francisco Freire de Melo, que escrevera contra uma das suas pastorais.
Frei Fortunato, estando ainda em Portugal, iniciara e dirigira a publicação da Colecção de Inéditos Portugueses dos Séculos XIV e XV, que ou Foram Compostos originalmente, ou Traduzidos de Várias Línguas, por Monges Cistercenses Deste Reino. Já em Itália, o teólogo de Cister, continuou a ocupar-se desses importantes trabalhos, publicando em Módena, em 1836, a Formula honestae vitae de São Martinho de Dume, copiada de um códice do Vaticano e precedida de um sólido comentário. No Vaticano, o nosso compatriota encontrou também um códice latino contendo a vida do Infante Santo, que traduziu para português e fez imprimir em Módena no mesmo ano.
Neste seu permanente labor, suportando privações bem cruéis, viveu em Roma dez anos, encerrado quase sempre na biblioteca do Vaticano, até ao seu derradeiro fôlego. Foi sepultado na Igreja de São Bernardo, sem direito a um epitáfio evocativo."

Joaquim Fernandes
in "O Grande Livro dos Portugueses Esquecidos", Círculo de Leitores, 2008

O futuro hoje

segunda-feira, 9 de março de 2009

Viver de acordo com a tradição

"Viver de acordo com a tradição é abraçar os ideais que ela encarna, é cultivar a excelência em relação à sua natureza, reencontrar as suas raízes, transmitir uma herança, ser solidário com os seus. Isto também significa expulsar de nós próprios o niilismo, mesmo que nos sacrifiquemos em aparência às normas práticas de uma sociedade que está escravizada pelo desejo. Isto implica uma certa sobriedade com vista a uma libertação das cadeias da consumação. Isso significa encontrar a poética percepção do sagrado na natureza, no amor, na família, no divertimento e na acção. Viver de acordo com a tradição significa também dar uma forma à sua vida, tornando-se um juíz exigente em cada momento, assim como olhar para a beleza redescoberta do seu coração, do que para a fealdade de um mundo em decadência."

Dominique Venner

"Volta a acreditar, recomeça a lutar"

domingo, 8 de março de 2009

União dos Solidaristas Russos

A União Nacional dos trabalhadores e dos solidaristas russos (NTS), em russo Народно-Трудовой Союз российских солидаристов (НТС), é uma organização nacionalista e anti-comunista fundada em 1930 por jovens emigrados russos brancos exilados em Belgrado.

Visando a mudança de regime pela força, o movimento foi criado em resposta à resignação dos veteranos dos exércitos brancos desencorajados pela derrota na guerra civil russa. Aceitando a adesão de elementos de outras nacionalidades (polacos, bálticos, georgianos, etc.), o movimento recusava membros com mais de 30 anos, evitando a participação de pessoas que tomaram parte nos eventos de 1917. Essa restrição foi suprimida no fim da década de 30. O movimento adoptou como símbolo o tridente idêntico ao do brasão de armas da Ucrânia, simbolizando as ligações históricas que uniam ucranianos e russos e transmitindo uma imagem revolucionária de uma "forquilha de povos em cólera". A sede do movimento situava-se em Frankfurt, na Alemanha.
Desde a sua origem, o movimento defendeu posições anti-comunistas, cristãs e corporativas, preconizando uma "terceira via" entre socialismo e liberalismo. Adoptou em seguida o termo "solidarismo". Ao contrário dos outros movimentos brancos, não defendia o regresso à monarquia, recusando pronunciar-se sobre a forma de regime político, manifestando contudo alguma simpatia com a ideia de um regime plesbicitário.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a maior parte dos elementos do movimento aderiram ao Comité de Libertação dos Povos Russos (КОНР, ou KONR), integrando o Exército Vlassov, que se bateu no seio da Wehrmacht. Outros, por patriotismo, optaram por juntar-se ao Exército Vermelho.
Ao contrário de outros movimentos emigrandos brancos, largamente infiltrados por agentes soviéticos, o NTS adoptou uma estratégia de recrutamento chamado "teoria molecular", impedindo a adesão de uma pessoa sem conhecimentos entre os membros do movimento. As acções eram levadas a cabo por células de três pessoas, tornando mais difícil uma possível infiltração. Quanto aos solidaristas russos que eram detidos pelo KGB, arriscavam interrogatórios, torturas e deportação para os Goulag. Em 1954, uma das personagens mais importantes do movimento solidarista russo, Alexandre Trouchnovitch, foi raptado em Berlim Ocidental pela Stasi, morrendo durante a sua transferência para uma viatura diplomática.

Durante a Guerra Fria, a sua principal actividade era a difusão pela população de folhetos, brochuras e obras anti-comunistas, nomeadamente de Sljenitsyne. A NTS possuía até uma antena de rádio, "Rússia Livre", emitindo a partir da Alemanha Federal em direcção à URSS, e beneficiando do apoio da CIA. Devido a pressões dos soviéticos, a estação acabou por ser encerrada pelo governo da RFA. Os activistas da NTS difundiam o certo número de samizdat e de revistas clandestinas, sendo a mais conhecida a "Posev" (Посев, que significa "sementes"), que contou com a colaboração de muitos escritores dissidentes, entre os quais Alexandre Galitch, Boulat Okoudjava, Gueorgui Vladimov, responsável da secção clandestina moscovita da Amnistia Internacional, e até Alexandre Soljenitsyne.
Após a queda do bloco comunista, a NTS deixou de existir enquanto movimento clandestino, tornando-se um movimento político nacionalista e conservador, marginal na cena política. A revista Posev ainda existe, hoje sob a forma de jornal literário e também como editora.

sábado, 7 de março de 2009

A Colonização da Europa

"Esta nova esquerda, convertida ao capitalismo, defende com garra um socialismo virtual e uma imigração real. Neste cocktail é difícil adivinhar que parte é imbecilidade, altruísmo alucinado, snobismo anti-racista, etnomasoquismo e (o pior todavia) estratégia política. O sentimento que domina entre os colaboradores imigracionistas é o mesmo que dominou as elites decadentes de Roma no séc. III: a mediocridade e a cobardia,(...) e um egoísmo indiferente ao seu próprio povo e às suas gerações futuras. A história dirá que os europeus e concretamente as suas burguesias decadentes foram os primeiros responsáveis da colonização da Europa e da sua submersão demográfica. Para resolver o problema, problema do qual resultará o caos, não há outra solução, por um meio ou outro, que reduzir ao silêncio os colaboradores, os lobbies imigracionistas, que são a primeira causa desde há 30 anos da nossa colonização. O inimigo colonizador é um inimigo estimável, que joga o seu jogo mas os colaboradores que atentam contra o seu próprio lado, não merecem como dizia De Gaulle e o imperador Diocleciano, condescendência alguma."

Guillaume Faye
in "La Colonisation de l'Europe"

sexta-feira, 6 de março de 2009

quinta-feira, 5 de março de 2009

O inimigo és tu!

"O primeiro inimigo és tu!
Pelo amor a ti mesmo e por essa indulgência sem limites que tens para contigo próprio. Pela tua condescendência face aos elogios e às adulações. Pela tua sede de reconhecimento. Pelo teu gosto pela carreira. Pelo teu egoísmo, pela hesitação que experimentas quando deves partilhar o teu pão, arriscar o teu braço, colocar em causa o conforto do teu lar, questionar a segurança artificial da tua estabilidade aparente: a de um morto-vivo que nem sequer se deu conta de que já não vive.
O primeiro inimigo és tu! Com o medo de escandalizares os outros, aterrorizado pela ideia de seres colocado à margem, salivando perante a menor possibilidade de seres cooptado, acolhido, reconhecido pelo parlamento das múmias falantes.
Com a tua adesão a todos os clichés do pensamento «moderado» e da crítica cortês, da política dissimulada e da linguagem banal. Tu és a globalização. Tu és o assassino da Europa e do Terceiro-Mundo, tu és a cedência. E é-lo tanto mais quanto mais pretendes o contrário e tentas convencer-te a ti mesmo, sem contudo ires ao fundo da tua análise, pela verdade.
A oposição fundamental não é política ou ideológica, é, antes de tudo, entre modos de ser, entre estilos."

Gabriele Adinolfi

Nos muros!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Europe-Jeunesse

Europe-Jeunesse é um movimento de escutismo fundado em 1975 por Jean Mabire e Maurice Rollet, que desejavam transpor para a França os princípios das escolas populares superiores dinamarquesas criadas por Nikolai Grundtvig.
Ao contrário dos movimentos escuteiros tradicionais próximos do catolicismo, o grupo Europe-Jeunesse é um movimento laico, que reconhece no entanto a herança pagã (tendo mantido estreitas ligações com o GRECE), e que se propõe desenvolver nos jovens, através de actividades desportivas e acampamentos, o gosto pelo esforço, a vida ao ar livre e a curiosidade pela história, os mitos e as lendas da Europa. O seu emblema é um capacete espartano estilizado e a sua divisa é "Plus est en nous" (Mais está em nós). Organizada em secções regionais, o movimento está aberto a crianças a partir dos oito anos de idade.
O movimento edita um boletim de nome "Flamme" (Chama) e conta actualmente com cerca de 350 membros espalhados pelo Norte de França.

Moderados?

"Os que advogam a moderação em matéria política são quase sempre moderadamente inteligentes, moderadamente sensatos, moderadamente corajosos, moderadamente honestos, moderadamente virtuosos. Às vezes, até moderadamente moderados."

Bruno Oliveira Santos

terça-feira, 3 de março de 2009

Atreve-te a ser politicamente incorrecto

Religiosidade

"É muito frequente ouvir aos portugueses que o seu povo é um povo irreligioso; que aqui em Portugal os problemas de religião não interessam na verdade a ninguém. Parece-me que nisto, como em outras coisas, sofrem de um engano.
Em poucas partes há uma fronteira tão profunda como a que há aqui entre a população rural, entre o genuíno povo português campestre e as classes cultas, ou pseudocultas, que habitam nas cidades. A cultura destas classes é estrangeira, ou melhor, é francesa. (...)
Os portugueses, procedentes dessas classes cosmopolitizadas das cidades, de Lisboa ou do Porto, os que se formaram nos livros de moda da ciência fácil de exportação, os que no fundo se envergonham da sua pátria, esses são os que dizem e repetem que aqui não há uma questão religiosa nem interessam a ninguém os problemas religiosos. E eles, entretanto, crêem nos milagres da ciência. (...)
A religiosidade portuguesa, como a galega, o que alguém chamaria, não sei com que fundamento, religiosidade céltica, há que ir buscá-la sob as formas regulares e canónicas da religião oficial. Por baixo dela palpita e vive ainda um certo naturalismo que tem muito de pagão e não pouco de panteísta.
Há aqui sempre latente uma certa religiosidade pagã, diferente da religiosidade castelhana, que nos lembra antes a dos povos semitas.
O Cristo espanhol, dizia-me uma vez Guerra Junqueiro, está sempre no seu papel trágico: nunca desce da crua, onde, cadavérico, estende os braços e alonga as pernas cobertas de sangue; o Cristo português anda pelas praias, pelos prados e montanhas, a brincar com a gente do povo, ri-se com eles, merenda, e, de vez em quando, para desempenhar o seu papel, pendura-se uns momentos na cruz.
Não é, contudo, a religiosidade portuguesa tão ridente e alegre como esta não muito reverente parábola do imaginativo poeta poderia fazer crer. Aqui, há o culto à morte; somente, em vez de ser trágico, como em Espanha, é elegíaco e tristonho."

Miguel de Unamuno
in "Por Terras de Portugal e da Espanha", Assírio e Alvim, 1989.