sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Identidade, Solidariedade, Acção!

Lei dos Mercadores

«A "lei do mercado" – ou seja, a lei dos mercadores – tomou o lugar dos imperativos da soberania nacional, da preservação do património, do enraizamento das culturas, da retransmissão da herança. Tudo pode ser cedido a quem mais ofereça, àquele que mais coloque sobre a mesa. A riqueza que não possa ser objecto de comércio ou troca não vale nada. O próprio homem não vale mais do que valem as coisas que possui. O homem "tecnomorfiza-se". Torna-se um objecto. (...) A rentabilidade material dita-nos a curto prazo o que devemos fazer; determina a nossa opção.»

Robert de Herte

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Próxima estação: Zentropa.info

Céline regressa em português

Há dois momentos essenciais na obra de Céline. O primeiro é talvez o mais conhecido. Quando se fala deste autor – por sinal, um dos mais extraordinários escritores da literatura francesa do século XX, ao mesmo tempo central (pelas suas inovações estilísticas, e também pelo caminho que abriu a muitos que se lhe seguiram) e marginal (pelo carácter atrabiliário de muito do que escreveu, de muito daquilo em que acreditou) – toda a gente se lembra logo do célebre Viagem ao Fim da Noite. E no entanto este seu primeiro romance estava ainda longe da «música» celiniana, daquilo que viria de facto a caracterizar o seu estilo inconfundível.

Talvez em nenhuma outra fase, em nenhuma outra das suas obras, se tenha dado uma tão feliz confluência entre conteúdo e estilo do que nesta trilogia final (Castelos Perigosos, Norte e Rigodon) que a Editora Ulisseia vai pela primeira vez publicar na íntegra em Portugal. Ainda há poucas semanas, aliás, num artigo publicado no Nouvel Obervateur, a propósito da saída, em França, da obra de Henri Godard, Un Autre Céline, considerava Philippe Sollers que esta trilogia fazia parte dos seus «mais belos livros». E acrescentava, num toque assassino «há ainda alguns atrasados que pretendem limitá-lo à Viagem».

Confluência de estilo e conteúdo? Pela primeira vez, com efeito, Céline está aqui no centro dos acontecimentos. E os acontecimentos estão à altura do seu delírio: esta é a história do crepúsculo dos deuses. Ou pelo menos do crepúsculo da Alemanha ensanguentada (que nos perdoe o Aquilino), de um país inteiro em chamas, e também do crepúsculo das esperanças de todos aqueles que tinham apostado tudo na vitória do Eixo. Os três romances que vão agora publicar-se formam um todo indestrinçável. Como escreve Frédéric Vitoux: «Se Norte evoca o começo da errância celiniana, de Paris às planícies de Brandeburgo, passando por Baden-Baden e Berlim, Castelos Perigosos inscreve-se no meio de Rigodon. Este último (o romance póstumo de Céline) conta no essencial as duas viagens de comboio, feitas primeiro de norte para sul, até Sigmaringen, e depois de sul para norte, de Sigmaringen até à Dinamarca, enquanto Castelos Perigosos se atém à história dos meses passados na pequena cidade do Bade-Wurtemberg, transformada de súbito em refúgio de todos os colaboracionistas em fuga e no derradeiro território francês do governo de Vichy.»
De modo que, a partir de Castelos Perigosos, o estilo apocalíptico de Céline encontra como também diz Frédéric Vitoux, a grande história. E o mesmo crítico conclui: «A escrita celiniana atinge, neste equilíbrio entre o delírio fantasmático e o real, a sua máxima perfeição…».

Perfeição, pois. Mas era preciso que a versão portuguesa da obra não traísse esse seu estatuto. Deve-se a Clara Alvarez, a tradutora das três obras, o ter garantido isso. Não era uma aposta nada fácil de ganhar. Estes livros são de uma complexidade muito grande, a riqueza vocabular de Céline é deveras esfuziante, de modo que conseguir transmitir, em português, toda a genialidade do autor exigia uma quase idêntica genialidade no trabalho de tradução. Isso foi, a nosso ver, conseguido, e a publicação destas obras é, igualmente, uma forma de homenagear a própria tradutora.

João Carlos Alvim
http://annualia-verbo.blogs.sapo.pt/86302.html

Sociedade burguesa

"Porca, desonrada, patinhando no sangue, coberta de lama — é assim que se apresenta a sociedade burguesa; é assim que ela é. Não quando, impecável e virtuosa, mima a Cultura, a Filosofia e a Ética, a Ordem, a Paz, e o Estado de direito — mas sim enquanto monstro feroz, enquanto bacanal de anarquia, enquanto miasma mortal para a cultura e a humanidade: é assim que ela põe a nu a sua verdadeira face."

Rosa Luxemburgo

Corações negros

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Mundo Complexo

“ (...) Era isso mesmo o que acontecia comigo: também eu era absolutamente incompetente em matérias ligadas à produção industrial. Encontrava-me totalmente integrado na era da informação, portanto não sabia nada de nada. Tal como eu, Valérie e Jean-Yves eram apenas simples utilizadores de capitais e de informação: no caso deles faziam-no de uma maneira inteligente e competitiva, ao passo que, para mim, as coisas eram mais burocráticas e rotineiras. Mas nenhum de nós os três, ou alguma pessoa que eu conhecesse, seria capaz, por exemplo em caso de bloqueio económico, de participar no arranque de uma nova fase de produção industrial. Nenhum de nós tinha a mais pálida ideia sobre fundição de metais, fabrico de peças, síntese de matérias plásticas, etc. Já para não falar de coisas mais recentes, como fibras ópticas e microprocessadores. Vivíamos num mundo formado por objectos cujo fabrico e manutenção nos eram inteiramente estranhos. Angustiado ao tomar consciência disso, olhei as coisas em volta: mala, óculos de sol, creme solar, livro de Milan Kundera. Papel, vidro e algodão: tudo dependente de máquinas sofisticadas e de complexos métodos de fabrico. O fato de banho de Valérie, por exemplo, era algo cuja feitura eu seria incapaz de compreender: na sua composição, havia 80 por cento de látex e 20 por cento de poliuretano. Passei dois dedos pelo soutien: por baixo do emaranhado de fibras industriais, senti a sua carne jovem. Introduzi os dedos com mais força e percebi que o mamilo estava mais duro. Aí estava uma coisa que eu podia fazer, que eu sabia fazer.”

Michel Houellebecq
in "Plataforma", Bertrand Editora, 2002.

Associação L'Uomo Libero

A associação l'Uomo Libero nasceu como sociedade cultural para depois extender a sua actividade ao voluntariado e a projectos humanitários que, com o decorrer dos anos, se multiplicaram a tal ponto que transformaram o grupo numa verdadeira associação humanitária (em 1993 a associação l'Uomo Libero foi reconhecida como associação de serviço humanitário).
A primeira iniciativa digna de nota dá-se em 1990, com viagens ao Leste europeu, após a queda do Muro de Berlim, tanta era a vontade de conhecer a realidade da Europa "oculta" até aquele momento, escondida pela chamada cortina de ferro. Faz-se referência às viagens à Roménia, Polónia, Hungria, Checoslováquia e sobretudo à Lituânia, onde a população combatia ainda nas ruas as tropas especiais do Exército Vermelho soviético.
Entre 1999 e 2000, a associação l'Uomo Libero interviu (raro exemplo na Europa) na Sérvia bombardeada, em favor do "Hospital especial para a paralisia cerebral e desenvolvimento da neurologia infantil" de Belgrado, danificado pelos bombardeamentos da Nato, doando equipamento médico e sanitário.
Em 2002, dá-se o projecto "Don't cry for me Argentina", de solidariedade com o povo argentino, em colaboração com a fundação "Nuestra Famiglia" de Buenos Aires.
Em 2008, é a vez da Birmânia, apoiando a sobrevivência do povo Karen.

Em Novembro de 2008, quatro estudantes universitários italianos ligados à associação l'Uomo Libero viajaram de Milão para Lisboa, com o objectivo de percorrer a pé o antigo caminho medieval de peregrinação a Santiago de Compostela. A iniciativa tem o nome de "Il Cammino dei Templari" e percorre 850km durante cerca de 21 dias.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Mensagem de Fernando Pessoa à Beira-Mágoa

"Mensagem de Fernando Pessoa à Beira-Mágoa": pedidos directamente a José Campos e Sousa, pelo email largodocarmo[at]gmail.com, ao preço unitário de 17 Euros.

Marocchinate

O termo Marocchinate («Marroquinadas» traduzindo literalmente) designa, em italiano, as mulheres que foram violadas após a batalha de Monte Cassino pelos goumiers (soldados marroquinos) das tropas coloniais francesas comandadas pelo general Juin.
A 14 de Maio de 1944, os goumiers atravessavam um terreno muito hostil nas montanhas de Aurunci. Tentam contornar as tropas alemães com o fim de quebrar a linha Gustave. O general Juin terá declarado antes da batalha: «nas próximas 50 horas serão os únicos mestres de tudo o que encontrarem atrás das linhas inimigas. Ninguém vos punirá pelo que fizerem, ninguém vos colocará questões.»
A 18 de Maio, os aliados tomavam Montecassino. Na noite seguinte, milhares de goumiers acompanhados de outras tropas coloniais invadiram as povoaçoes da região de Ciociaria (a sul de Lázio) perto do campo de batalha. Quase 2000 mulheres, dos 11 aos 86 anos, foram violadas durante a noite. Os homens que tentaram defender as suas mulheres e filhas foram assassinados sem misericórdia. Estimam-se 800 mortos. Duas irmãs com 15 e 18 anos foram violadas por uma dúzia de homens cada uma. A primeira morreu alguns dias mais tarde, a segunda continuava internada num hospital psiquiátrico em 1997, 53 anos após a tragédia. Numerosas casas foram destruídas depois de os soldados pilharem todos os objectos de valor. O autarca de Esperia, uma das zonas visadas, contou 700 casos de violações entre 2500 habitantes. Numerosas vítimas pereceram na mesma noite.
Assim que a história se tornou conhecida, o Papa Pio XII comunicou ao Estado Maior aliado que esses regimentos não seriam bem-vindos em Roma. Outros ataques dos goumiers sobre civis italianos foram registados durante as semanas seguintes a Norte de Roma e na Toscânia. A Abril de 1945, o mesmo regimento terá violado 500 mulheres em Freudenstadt, na Floresta Negra , desta vez sobr o comando do general de Lattre de Tassigny. Em Estugarda, cerca de 2000 mulheres terão sido encerradas e violadas no metro. As autoridades francesas sempre negaram estas acusações.
Com o objectivo de relembrar este drama, um monumento, a «Mamma Ciociara», foi erigido em Castro dei Volsci. Em 1957, o escritor italiano Alberto Moravia escreveu o romance La Ciociara. Recolheu numerosos testemunhos para documentar o seu livro. A história foi em seguida adaptada ao cinema por Vittorio de Sica. Sophia Loren, que desempenhou o papel principal, recebeu o Óscar para melhor actriz em 1960. Foi a primeira vez que uma actriz recebeu esse prémio por um filme rodado numa outra língua para além da inglesa. Em 2006, o filme «Indigènes», sobre a participação de marroquinos em contingentes franceses durante a 2ª Guerra Mundial, não evocou o assunto.

Patriotismo

"O patriotismo - vimos nós e demonstrámos - é a base do instinto social, é, mesmo, o único instinto social verdadeiro; não é de resto, mais que um egoísmo colectivo, ou, melhor, a forma colectiva do egoísmo, base de toda a vida psíquica. Demonstrámos também que, ao contrário da inteligência - que busca compreender e, pois que o busca, não pode odiar aquilo cuja compreensão a atrai -, o instinto odeia tudo quanto não seja ele, que o instinto é, portanto, radicalmente antagonista; que, portanto, a atitude normal de qualquer nação com relação às outras é o ódio; que a guerra é, por conseguinte, o estado natural da humanidade, não sendo a paz, evidentemente, mais que um estado de preparação para a guerra.
É esta a velha tese do povo inglês, do damned foreigner; é esta a teoria para sempre célebre de Heraclito, quando, comentando o desejo de Homero, de que as guerras cessassem de vez, diz que se as guerras cessassem, a própria vida cessaria, porque a 'guerra', diz, 'é a mãe de todas as coisas'. E assim é (...).
A tese, com efeito, pode ser alargada, e aplicada não só ao egoísmo nacional, como também ao egoísmo dos indivíduos. Se o amor é fonte de toda a vida física, o ódio é a fonte de toda a vida psíquica. É do ódio entre homem e homem que a civilização nasce, é da concorrência entre homem e homem que o progresso surge, é do conflito entre nação e nação que a humanidade recebe o seu impulso. Só a paz é infecunda, só a concórdia é improfícua, só o humanitarismo é anti-humanitário. E assim morre, ante a análise sociológica, o último dos falsos princípios da Democracia moderna.
E como vimos que a base do instintivismo social é o sentimento patriótico; como vimos que o instinto é radicalmente antagonista, sabemos, por conclusão, que não há instinto patriótico que não seja antagonista e guerreiro. No que pacifista, portanto, a democracia moderna é radicalmente inimiga do sentimento patriótico, radicalmente antipatriótica e antinacional."

Fernando Pessoa
cit. in Miguel, Ruy, Fernando Pessoa, o antidemocrata pagão, Nova Arrancada, 1999.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Mishima vive!

Natal, festa religiosa e familiar, não uma orgia consumista

"O período do Natal é um momento ideal para testar a solidariedade das suas convicções e a coerência dos seus compromissos políticos, nomeadamente sobre as questões de ecologia e de anti-consumismo. «Diz-me o que recebes e o que dás como presentes, e eu dir-te-ei que tipo de militante és» pode ser a frase que paira sobre as cabeças de todos os que pretendem ter uma consciência política e social.
Com efeito, na hora em que a armada publicitária tem ordem de marcha para extrair o máximo de benefícios da autêntica corrida aos brinquedos e aos "gadgets" que se tornou o mês de Dezembro nas sociedades ocidentais, a atitude do militante identitário deve estar clara e concretamente em ruptura com esta nevrose materialista sem qualquer sentido.
Longe das brilhantes conferências e dos artigos inflamados, eis os dias que oferecem a qualquer um, no seu lugar e à sua medida, a ocasião de colocar em prática os princípios de medida, de frugalidade, de preocupação ambiental e de simplicidade voluntária.
Não se trata, de modo algum, de promover um frio ascetismo, mas antes de invocar o bom senso, a razoabilidade e a ética.
Na nossa abordagem dos «presentes» (que, repetimos, não são o «objectivo» nem o «coração» das festas de Natal mas simplesmente uma afirmação secundária da época), uma preocupação constante de coerência e de moral deve acompanhar-nos e conduzir-nos para bem longe dos "gadgets" e dos componentes electrónicos ultra-poluentes, das inutilidades caras, das marcas de roupa esclavagistas e das pseudo «novidades» impostas pela frivolidade mediática... Ofereçam pelo contrário o belo, o artesanal, o útil, o portador de sentido, de sanidade e de ética. Reafirmaremos assim os actos, modestos mas imperiosos, da nossa coerência que é o primeiro passo para a credibilidade.
Recordem igualmente que o Natal é também o tempo da caridade e da oferenda e que são muitos, dos sem abrigos SDF às crianças sérvias do Kosovo, passando por aqueles que estendem a mão às viaturas indiferentes, os que sofrem necessidades.
Identidade, Solidariedade, Acção. Nos pequenos gestos como nos grandes..."

Pierre Chatov

PNR comemora o 1º de Dezembro

O PNR, como habitualmente, sairá à rua em Lisboa para assinalar com um Acto Público a Independência Nacional que se encontra cada vez mais ameaçada.
No dia 1 de Dezembro, às 16 horas na Praça dos Restauradores; com desfile até ao Larco do Município, em frente à Câmara Municipal de Lisboa, onde haverá um discurso final e onde se entoará o Hino Nacional, estando o encerramento previsto para as 18.00 horas.
Para o PNR, a Independência Nacional é um dos pontos fundamentais da doutrina nacionalista e, por isso, uma das nossas principais causas. Junte-se a nós, neste Acto Público, para assinalar uma importante data da nossa História, cada vez mais ignorada pelos governantes e para demonstrar com actos, que lutamos sempre para nossa independência!

Causa Identitária comemora o 1º de Dezembro

No próximo dia 1 de Dezembro a Causa Identitária sai à rua para celebrar a herança, liberdade e memória Portuguesa. Não fique em casa, e junte-se a nós nesta festa identitária pela reafirmação do nosso povo enquanto comunidade nacional! Contamos consigo!

domingo, 23 de novembro de 2008

Torre de Centum Cellas

A Torre de Centum Cellas (também Centum Cellæ, Centum Celli, ou Centum Cœli), também denominada como Torre de São Cornélio, localiza-se no monte de Santo Antão, freguesia do Colmeal da Torre, concelho de Belmonte, Distrito de Castelo Branco, em Portugal.

Trata-se de um singular e curioso monumento lítico actualmente em ruínas que, ao longo dos séculos, despertou as atenções de curiosos e estudiosos, suscitando as mais diversas lendas e teorias. Uma das tradições, por exemplo, refere que a edificação teria sido uma prisão com uma centena de celas (daí o nome), onde teria estado cativo São Cornélio (daí a denominação alternativa).

Sobre a sua primitiva função, acreditava-se que pudesse ter sido um prætorium (acampamento romano). Entretanto, campanhas de prospecção arqueológica na sua zona envolvente, empreendidas na década de 1960 e na década de 1990, indicam tratar-se, mais propriamente, das ruínas de uma antiga villa romana, sendo a torre representativa da sua pars urbana, estando ainda grande parte da pars rustica por encontrar. No contexto da invasão romana da Península Ibérica, a villa seria propriedade de um certo Lúcio Cecílio (em latim: LVCIVS CÆCILIVS), um abastado cidadão romano, negociante de estanho (metal abundante na Península Ibérica), que a teria erguido em meados do século I. De acordo com os testemunhos arqueológicos, foi destruída por um grande incêndio em meados do século III, sendo posteriormente reconstruída.

Nas Ruas!

"A Humanidade entrou numa nova Idade"

"A Humanidade entrou numa nova Idade. Possui já o equipamento dessa nova Idade. Mas ainda não tem o direito, nem as instituições. Aquilo a que se chama crise não é nada mais que a manifestação da contradição entre esse novo equipamento e as velhas instituições, que tornam impossível a repartição dos produtos da maquinaria universal.
A esta «crise», o velho direito e as velhas instituições não podem trazer qualquer solução. Porque, literalmente, «o mundo alterou os seus princípios».
A nova Idade, é a Idade caracterizada pelo facto da humanidade ter encontrado os meios de captar energia da natureza inanimada.
É a maior revolução científica e técnica de toda a História. Altera todos os meios de acção do Homem. Obriga-o a alterar a estrutura de todas as sociedades.
Aristóteles disse: «se a tesoura e a lançadeira pudessem andar sozinhas, a escravatura não seria mais necessária». A previsão de Aristóteles realizou-se. Não é apenas a escravatura que deixa de ser necessária. Mas a servidão e o salário deverão desaparecer. O homem, inevitavelmente, deixará de ser um produtor, um trabalhador. Tornar-se-á um inventor, engenheiro, gestor, distribuidor - mas não trabalhador.
O problema que se coloca à humanidade, doravante, não é como forçar o homem a trabalhar, mas como, pela máquina e pela energia gerada pela natureza, libertar o homem do trabalho, e gerar pela máquina uma quantidade crescente de produtos?
O problema é simples. É insolúvel no regime económico e jurídico existente. As máquinas e a energia são propriedades privadas nas mãos das minorias que quererão aumentar os seus lucros explorando-as. Mas a exploração racional das máquinas e da energia têm gerado ao mesmo tempo o desemprego dos trabalhadores e a adundância dos produtos destinados aos trabalhadores cujo poder de compra total foi reduzido pelo desemprego.
Daí o acontecimento universal que se apelida de crise. Acontecimento conhecido e que se reproduz periodicamente desde a industrialização. Até agora, as «crises» eram anuladas por novos empregos para os trabalhadores eliminados desta ou aquela indústria. Desta vez, a anulação é impossível, a cadência do progresso é demasiado rápida, o poder da produção é demasiado grande. A humanidade chegou ao momento em que é obrigada a destribuir o lazer."

Georges Valois

sábado, 22 de novembro de 2008

"Ele mal se aperceberá do decréscimo de liberdade em que caiu"

«O indivíduo já não está na sociedade como uma árvore no bosque, assmelha-se, ao invés, ao passageiro numa embarcação, que se move rapidamente e que se pode chamar "Titanic" ou também Leviatã. Desde que faça bom tempo e a paisagem seja agradável, ele mal se aperceberá do decréscimo de liberdade em que caiu.»

Ernst Jünger
in "O Passo da Floresta", Cotovia, 1995.

Cruz Céltica proibida na Alemanha

O uso público da cruz céltica tornou-se definitivamente proibido na Alemanha depois de fazer-se pública, dia 14 de Novembro, a resolução do Tribunal Constitucional que estipula como propaganda de uma organização ilegalizada a exibição do emblema que usara o grupo "Volkssozialitischen Bewegung Deutschlands / Partei der Arbeit" (VSBD/PdA), dissolvido e proibido em 1982. Mesmo a sua exibição, sem qualquer referência explícita ao VSBD/PdA, é punível pela infracção ao artigo 86 parágrafo A do Código Penal alemão, que contempla penas de prisão até três anos ou sanções económicas.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Guerreiros Esquecidos

"O meu guia deixou-me na pista aos primeiros raios da aurora. É o ponto de encontro com os guerrilheiros. Dois homens escoltam-me. Avançamos em silêncio. Uma bruma espessa flutua ainda sobre o rio que contornamos. O caminho alarga-se até uma clareira onde se aglutinam algumas cabanas: estamos no Quartel-General do 201 batalhão. Avanço com um passo ligeiramente hesitante. Um oficial aproxima-se de mim. É o Coronel Nerdah Mya. Recebe-me com um sorriso prudente. É filho do General Bo Mya, chefe da revolta contra o poder birmanês, falecido em 2006. Por sua vez, carrega as esperanças de um povo que aspira à sua independência e luta desde 1948 contra o poder do Myanmar. O povo Karen é uma das 38 minorias étnicas da Birmânia. Nem o terror permanente, nem a violência das repressões tiveram efeito neste povo, orgulhoso de um Estado auto-proclamado em 1950, o “País da Felicidade” (“Kawthoolei”). Há mais de meio século que os guerreiros do KNLA (braço armado do movimento de libertação) lutam pela identidade e sobrevivência do povo Karen. Sem grandes meios e mal armada, a rebelião agrupa alguns milhares de “maquisards” disseminados pela zona de fronteira birmano-tailandesa.

O Coronel fala-me dos seus homens, do KNLA, da crise humanitária, de sofrimento e de determinação, desta guerra que parece condenada a permanecer na sombra. Desde há três anos a ofensiva militar birmanesa centra-se sobre as populações civis: fala-se de verdadeiro genocídio. Estima-se que 150 000 karens se acumulem actualmente em campos de refugiados na Tailândia. Oferece-me uma chávena de chá, e autoriza-me a tirar algumas fotografias. Uma patrulha acaba de voltar. Exaustos da guerrilha da selva, os homens batem-se como os seus pais lhes ensinaram, até porque aqui não se torna soldado, nasce-se soldado. Guerreiros de armas enferrujadas, olhares bravos ou indiferentes, cúmplices por vezes, doentes em suspenso, mulheres e crianças de miséria e de esperança, seguem a minha objectiva. Fala-se pouco, os cães vagueiam, o calor torna-se mais opressivo. Impassível sob a sua sombra, um jovem combatente limpa lentamente a sua arma; A guerra, ele conhece-a; não conhece outro lugar para além daquele. Já tem visto passar repórteres. Vêm e vão. De quem é este pedaço de terra ? Ele não pensa mais, sabe simplesmente qual é o preço da liberdade. Um velho companheiro junta-se a ele. As suas veias sulcam o braço como o rio Irraouaddy.

Um homem aproxima-se, devo deixar o campo… Um último olhar para observar um grande momento de emoção.

Longe da atenção internacional, esgotados pelos anos de uma guerra sangrenta, pela sobrevivência de todo um povo, a mais velha guerrilha do planeta continua a existir."

Olivier Sarbil

Ser e Deus(es)

"No paganismo, os deuses não se confundem com o Ser. Não são as causas de todas as formas de ser. Heidegger, dentro do mesmo espírito, diria em 1951: 'Ser e Deus não são idênticos e nunca tentarei pensar na essência de Deus como sendo o Ser (...) Creio que o Ser nunca pode ser pensado como estando na base e como essência de Deus e a sua manifestação pode tocar o homem, é na dimensão do ser que ela fulgura o que não significa de forma alguma que o Ser possa ter o sentido de um predicado possível para Deus.'
Heidegger quer dizer com isto que é no Ser que o deus pode chegar, mas que não chega como a última palavra do Ser. Ao contrário, a teologia cristã identifica o Ser como Deus criador, fazendo deste o primeiro e incondicionado fundamento, a causa absoluta e infinita de todas as formas de ser. No entanto, o cristianismo condena-se a não se poder manifestar sobre o horizonte ontológico ao qual chama o mistério do Ser.
As línguas indo-europeias não dispõem rigorosamente de nenhum termo para designar o ser supremo do monoteísmo bíblico. A atribuição a este último da palavra 'deus', ornamentada com uma maiúscula e de acréscimo arbitrariamente privado de feminino e de plural, é uma convenção perfeitamente arbitrária: onde nos habituámos a ler 'Iavé o teu Deus'(DT.18,15) deve ler-se na realidade, segundo o texto hebraico: 'Iavé Adonai, o teu Elohim'. Uma tal tradução esvazia a palavra 'deus' do seu sentido original para lhe atribuir outro. Cria a ilusão de que todas as religiões têm um 'Deus' e que só se diferenciam pela forma de o designar, encobrindo ao mesmo tempo que através da mesma palavra designamos realidades totalmente diferentes. Quem quer falar de 'deus' não se pode privar desta ambiguidade."

Alain de Benoist

in "Com ou Sem Deus?", Hugin, 2000.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

José António, presente!

"A entrada de José António na actividade política fez-se com um objectivo determinado: defender a memória do pai, o General Primo de Rivera, ultrajada diariamente após a sua queda e, sobretudo, depois da sua morte: «O povo de Madrid negar-me-á os seus votos? (...) Um lugar nas Cortes para defender a memória do meu Pai!». Daí à consciência do momento histórico em que vivia e à análise crítica que tem de acompanhar essa consciência, foi um passo que durou três anos; de 1931 - campanha eleitoral para defender o pai - ao discurso do Teatro da Commedia em Outubro de 1933, geralmente considerado o primeiro acto da Falange. Essa data é um ponto de viragem nítido. Embora no período imediatamente anterior José António tivesse publicado bastante na Imprensa, não se notava nesses artigos o que viria a revelar-se no discurso «fundacional»; o homem consciente do processo histórico, com espírito decidido, com sentido poético que não significa falta de lucidez, mas sacrifício, renúncia e pureza ideal.
Mas a entrada na fase falangista começa a marcar também na vida de José António a passagem da revolta contra o seu tempo à assunção revolucionária do seu País. Este processo de alteração que o discurso da Commedia começa a revelar e se vai definindo cada vez mais claramente, é a condição para se superar o reaccionarismo ou os perigos do acomodamento à realidade. Consciente do seu tempo e do seu espaço, com desgosto, mas sem lágrimas, propondo alternativas para o sistema, aqui nasce a lucidez - sem a qual a revolta desembocará no conformismo ou no suicídio moral - que o faria dizer em Novembro 1934, atacando o reformismo social capitalista: «dedicar-se a diminuir as horas de trabalho, a aumentar os salários, a aumentar os seguros sociais, significa o mesmo que querer conservar uma máquina e passar o tempo a deitar-lhe areia nas engrenagens. (...) Pelo contrário, o que nós queremos com a maior participação do operário, com a participação do sindicato operário nas funções do Estado, não é fazer avanços sociais um a um, como quem concede regateando, mas a estruturação da economia de cima a baixo, de modo distinto», isto é, a superação do capitalismo."

José Miguel Júdice
in "José António Primo de Rivera", Edições Falcata, 2006.

O jogo ainda agora começou...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O Sangue

«Empregamos esta palavra como significando Herança.
Os rubros glóbulos sanguíneos trazem, dentro da sua microscópica esfera, antigos espectros que ressurgem e vão definindo o carácter dos indivíduos e dos Povos.
Gritam no sangue velhas tragédicas, murmuram velhos sonhos, velhos diálogos com Deus e com a terra, esperanças, desilusões, terrores, heroísmos, que desenham, em tintas vivas, o cenário e a acção das nossas almas.
O sangue é a memória, presença de fantasmas, que nos dominam e dirigem.
À voz do sange responde a voz da terra; e este diálogo misterioso mostra os caracteres da nossa íntima fisionomia portuguesa.»

Teixeira de Pascoaes
in «Arte de Ser Português», Assírio & Alvim (2007).

Revista ID nº14

«É por isso que é útil recordar que a "não violência" so é digna e portadora de sentido se existir realmente a possibilidade dessa violência, ou seja, se for uma verdadeira escolha e não a simples consequência de uma fraqueza, de uma resignação ou de uma cobardia. Resumidamente, é preciso ter capacidade de desferir golpes para que seja respeitável o facto de os reter. Em política, como a história demonstrou repetidamente, a violência não deve evidentemente ser um fim, contudo continua frequentemente a ser um meio, às vezes uma justa e imperiosa necessidade e deve em todo o caso permanecer uma possibilidade.»

Pierre Chatov

O papel da mentira

"No sentido exacto e estrito da palavra, aquele que diz conscientemente o contrário da verdade está a mentir: os companheiros de Lenine estavam a mentir quando confessaram crimes que não tinham cometido, e a propaganda soviética estava a mentir quando cantou a felicidade do povo durante os dias da colectivização (...).
Por outro lado, quando os bolchevistas, os comunistas, chamam socialista à União Soviética, devemos dizer que estão a mentir? (...) se reconhecerem a diferença entre o que é hoje o socialismo e aquilo que será quando estiver de acordo com a sua essência, não estão, no sentido mais estrito, a mentir, mas antes a substituir a realidade por 'pseudo-realidade': o significado que dão a uma coisa em termos de um futuro que imaginam, conforme a ideologia. Apesar de tudo, o sovietismo torna-se um passo no caminho para o socialismo e, portanto, um passo na salvação da humanidade."

Raymond Aron

O vírus do século XXI

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Simplicidade Voluntária

«O consumo excessivo tem efeitos sobre as nossas próprias vidas. Para consumir tal como fazemos precisamos de dinheiro; logo, em consequência, a maioria das pessoas trabalham desalmadamente. No Canadá, por exemplo, cerca de 20% da população activa trabalha mais de 50 horas por semana. Esgotamo-nos a trabalhar, dando o melhor do nosso tempo e das nossas vidas para o trabalho; enquanto isso, outras vertentes da nossa existência ( a família, a vida amorosa, a participação cívica e a vida comunitária, a saúde,…) sofrem com essa quase exclusividade que o trabalho exige. Acaba-se de chegar a um paradoxo: quanto mais satisfeito formos na vida material, menos felizes sentimos. E há cada vez mais pessoas que acham que isso não tem sentido, e que há que fazer algo para mudar esta situação. Mas o quê? Os governos e os partidos não dão respostas alternativas, empenham-se antes em seguir a mesma direcção tal como têm feito até agora. Ora há que ultrapassar este bloqueio E é isso justamente o que propõe a Simplicidade Voluntária: empreender as mudanças necessárias nas nossas vidas.
Não confundir a Simplicidade Voluntária com a pobreza; esta é imposta por força de circunstâncias penosas. Mas quando se opta voluntariamente por viver sobriamente,tudo funciona de modo diferente. É que não nos sentimos frustrados porque nos privamos de um bem, mas antes sentimos que vale a pena substitui-lo por algo que tenha mais sentido. Este desprendimento alarga o espaço para a nossa consciência operar de outra forma: trata-se de um estado de espírito que nos convida a apreciar, a saborear e procurar o elemento qualitativo da vida. No fundo, renunciamos aos objectos que estorvam, travam e impedem irmos até ao fim das nossas possibilidades.” Não é a riqueza, mas o apego à riqueza que é um obstáculo à emancipação; e não é o prazer da busca por coisas agradáveis que está em causa, mas sim o desejo ardente de as adquirir”, escreve Schumcher (1911-1997), autor do livro Small is Beautiful.
A Simplicidade Voluntária leva-nos ao não-uso e à não-posse de algo, implica uma escolha: não comprar certo objecto ou não seguir determinado procedimento implica uma escolha por um outro motivo de satisfação, nem que seja ser fiel aos nossos princípios ou aos nossos compromissos sociais.
Escolher não utilizar certo bem ou serviço, não seguir a moda, consumir de outra maneira, tudo isso releva de actos de consciência e de lucidez, e não de fatalidade. Na verdade, quem faça voluntariamente este tipo de opções sabe que podia não o fazer, e acaba por ser o próprio a dominar a situação em vez de se um ser dominado por esta. Claro está que não se trata de decisões irrevogáveis que arrastam consigo um radicalismo sem concessões, nem sequer de uma regra de aço que dificilmente poderíamos desvincularmo-nos. A Simplicidade Voluntária é uma opção que é tomada mediante pequenos passos, uma via que se segue por decisão própria e porque nos sentimos satisfeitos por seguir.»

Serge Mongeau

A nossa fé

«A nossa fé é a submissão ao divino no seu sentido de vida e fecundidade. Mas eles não viram e não vêem o divino senão no absurdo. A nossa fé é a inserção do ser na comunidade fraternal do princípio vivente. Mas eles pregaram e continuam a pregar a solidão da morte não resgatada. A nossa fé é a vitória da vida sobre todas as empresas da morte. Mas eles conservam e cultivam o vale de lágrimas das decomposições. A nossa fé não nos leva a batalhar com outros, a nossa fé é vivida por nós no cumprimento do dever. Mas eles… é necessário que eles discutam e disputem, é necessário que ataquem e se digam atacados, é necessário que se refugiem no delírio da perseguição. Fazem um dogma daquilo a que chamam amor, enquanto nós fazem um dogma da acção. Foi-lhes necessário esperar e continuar a esperar uma ordem imperativa do seu céu; a nós, cada dia que passa, cada novo dia, com as suas tarefas, religa-nos ao eterno. Não temos necessidade de leis nem de códigos, não temos outra necessidade além dos deveres da nossa vida.»

Jean Mabire e Pierre Vial
in "Os Solstícios – História e Actualidade", Hugin, 1995, pág. 74.

Nas ruas

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A Grande Mentira

É óbvio – e isso já também foi referido por inúmeros autores – que esta globalização, iniciada no pós-guerra e que se prolonga durante toda a segunda metade do século XX e início do século XXI, gerou progressivamente um pensamento único, a que alguns autores, tão apressados quanto eminentes, resolveram chamar “o fim das ideologias”. (…)
A micro elite tem, acima de tudo, uma ideologia pragmática e de vocação prioritariamente económica e financeira. Tudo aquilo que for contra esta prioridade deve ser desguarnecido para ser apagado a breve prazo. E assim devem morrer as religiões de vocação missionária mais intervencionista e inquieta (…) devem desaparecer os nacionalismos e os regionalismos mais teimosos e emancipalistas (…) O sistema deve criar serventuários eficientes e acéfalos. É preciso investir em tecnologia e em técnicos e fugir da formação de críticos ou inconformistas. Nos jovens, é preciso criar subliminarmente a impressão da fatalidade gerada pelos novos dias: ou se integram no sistema e o servem, podendo, se conformados, vir a beneficiar razoavelmente daquilo que este pode conceder em termos materiais, ou se é considerado disfuncional, e portanto um marginal, descartável como aliás os objectos de consumo que o próprio candidato vê e compra sistematicamente.

António Sousa Lara
in "A Grande Mentira", ed. Hugin, 2004

sábado, 15 de novembro de 2008

Ainda Piazza Navona...

Praça Navona e arredores…

Ou seja: há diferentes maneiras de se comportar
Dando uma volta pela internet e recolhendo os comentários acerca dos acontecimentos da Praça Navona e das contestações pacíficas às listas de proscrição de “Chi l’ha visto?” [“Quem o viu?”, um programa televisivo], reparei que o debate relevante concentrou-se no verdadeiro tema/cerne “dos modelos comportamentais”: os jovens do Blocco Studentesco e da CasaPound procederam bem ao fazer o que fizeram?
O paradoxo das respostas é que entre os “neo-esquerdistas reaccionários” e os “neo-direitistas reaccionários” verifica-se uma plena convergência de visões e de resultados.

Neo-direitistas reaccionários e modelo “gandhiano”
Os “neo-direitistas reaccionários”, anti-comunistas, reclamam que nunca se deve participar nas manifestações estudantis hegemonizadas pela esquerda, que não deve existir qualquer contaminação direita-esquerda, que nunca se deve contestar, daquela forma, o governo constitucional, que é preciso permanecer fora das lutas sociais contra Berlusconi e principalmente que, em caso de provocação evidente, deve aceitar-se a agressão para logo depois se dirigir aos jornalistas e à polícia.
Este modelo comportamental foi inaugurado, no princípio dos anos 90, pelo último FdG [Fronte della Gioventù] romano/rautiano de Alemanno, de Rampelli e da Angelilli. Desde então, os jovens frentistas preferiram, em cada ocasião, suportar passivamente agressões, ser espancados, afugentados, publicamente humilhados, de maneira a demonstrar que “os verdadeiros fascistas” eram os dos Centros Sociais [ocupas da extrema-esquerda].
Este modelo comportamental gerou, durante anos a fio, como consequência inevitável e paradoxal, uma nova agudização do mito da militância anti-comunista (de facto desaparecido até ao fim da década de 80), principalmente entre as franjas juvenis da direita extra-parlamentar e numa altura em que o comunismo estava historicamente esgotado. Assim, graças aos fenómenos pré-políticos surgidos em Inglaterra, nasceu no princípio dos anos 90 [em Itália], a exacta caricatura daquilo que a esquerda já não conseguia inventar desde há muito tempo: um skinhead anti-comunista estúpido, violento e de cabeça rapada que, à lupa, se torna um titã imparável.
Bom, temos mesmo que agradecer ao modelo gandhiano, desmilitarizado e passivo dos Rampelli e dos Alemanno, que provocou o outro modelo comportamental: o do militante extremista, tonto e caricatural, que provocou estragos inenarráveis.
Este modelo comportamental gandhiano contribuiu para anular progressivamente a capacidade de presença da recém-nascida Azione Giovani (epígono directo de um Fronte della Gioventù desvitalizado), que foi relegada, pelo aparelho do partido, para um papel militante absolutamente marginal, desmobilizante, que, além de mais, a nível de comunicação, nunca teve resultados nem bons nem maus: sobretudo eliminou completamente a possibilidade de acção por parte da Azione Giovani em contextos transversais, líquidos, neutros e pós-ideológicos, onde pelo contrário, a esquerda radical continuou a ter a sua hegemonia.
Os new-global sabiam que em momentos críticos, os meninos de Azione Giovani teriam aceite “gandhianamente” as pancadas e depois ter-se-ia jogado tudo no plano da “comunicação” jornalística.
Vimos também o que este “modelo anti-interventista” produziu em termos de transformismo dentro das classes dirigentes juvenis “da direita” e, principalmente, as prejudiciais consequências metapolíticas (o passo de ganso).

A auto-limitação cavalheiresca
Há alguém que tentou substituir alternativamente ao gandhismo “de cócoras”, o tema da “auto-limitação cavalheiresca” em caso de momentos extremamente críticos.
Na Praça Navona era preciso auto-limitar-se e, como cavalheiros, retirar-se in extremis. Ou seja, uma etiqueta diferente e mais ponderada do “momento crítico”. Dito assim, parece fácil. Outra coisa é estar lá, na primeira pessoa, tendo à sua frente personagens que exprimem, como sempre, o seu “não-cavalheiresco” preconceito. Mas todos vimos que o problema, mesmo que abordado em termos de “auto-limitação cavalheiresca”, teria igualmente falhado. Para propor, pois, uma “auto-limitação cavalheiresca” é preciso que do outro lado existam outro tantos cavalheiros, conscientes das regras da cavalheirismo e não indivíduos decididos, como sempre, a fazer cair todas as regras.
É preciso ter em conta que o que empurrou o Blocco ao “modelo comportamental defensivo específico” da Praça Navona não tem a sua origem no fantasma do anti-comunismo militante, como muitos de má-fé querem fazer crer, mas exactamente no oposto: a procura e a necessidade histórica de ultrapassar ideologias e preconceitos que alguns velhotes bolorentos, em nome do seu legado tardo-resistencial, ainda teimam em não abandonar.

Beijos e abraços entre fascistas e comunas… estamos a brincar ou quê?
Os neo-esquerdistas reaccionários, que desempenham com gosto o papel dos últimos reaccionários, contestam por sua vez que os rapazes do Blocco não têm legitimidade para qualquer luta social. Um fascista dos subúrbios, um violento, não pode participar a nenhuma luta reformista, não deve apresentar-se com uma própria especificidade de ideias, de look, de
atitudes, de imagem, mas tem que regressar silenciosamente e anonimamente ao habitual esquema hegemonizado; cada contestação deve ser, por defeito, de esquerda e principalmente antifascista. Ou seja, por outras palavras: se queres contestar o decreto-Gelmini [decreto-lei da reforma do ensino] deves ser, antes de mais nada, antifascista!!! De outra forma não pertences ao movimento dos estudantes, que são à partida, por definição, antifascistas.
Também aqui é contestado o modelo comportamental do Blocco e a sua não-maleabilidade, a sua não-liquefação, o seu não-anonimato, a sua capacidade de destacar-se pelos temas, slogans, imagens, look e pela presença. Este é a verdadeira razão que fez subir o sangue à cabeça aos new-global, que se sentiram em termos “sociológicos” paradoxalmente ultrapassados “à esquerda”.
«Como é possível – devem ter dito – que hoje os fascistas e os ultras dos subúrbios consigam impor na imprensa, até com a utilização desinibida das tecnologias, uma especificidade mais emergente que a nossa, do ponto de vista qualitativo e quantitativo?»
Na verdade, quem deu relevo à presença dos jovens antagonistas “fascistas” (Blocco Studentesco, Lotta Studentesca, etc, etc.) foram mesmo os jornais e a imprensa de esquerda, que apresentaram o protesto em chave bipartisan ao decreto-Gelmini, como sendo espontâneo, natural e não dirigida por eles.
O problema criou-se quando o mesmo Partido Democrático [PD, centro-esquerda] e os cães-de-guarda dos Centros Sociais, que nos bairros da periferia já não controlam a situação, viram que o Blocco em Roma estava em condição de hegemonizar o protesto e que, para os meninos da esquerda-baby e incolor, tornava-se normal e natural abraçar um seu companheiro do Blocco em plena manifestação partilhada. Ou seja: beijos e abraços entre comunas e fascistas? Mas que é isso? Apriti cielo!

Esperaram pelo dia 29 de Outubro para uma reviravolta em plena regra e apostaram tudo para constringir novamente - no “imaginário colectivo do Cativeiro” - os rapazes do Blocco naquele modelo comportamental clássico dos “fascistas violentos, infiltrados pela polícia, para destruir o espontâneo movimento estudantil”.
Para este fim, tinham-se preparados há dias. Correu-lhe muito mal, porque no plano da comunicação e da agilidade, foi um empate, apesar da utilização maciça das tropas auxiliarias dos jornalistas coniventes por um lado e das falanges ultra-quarentonas por outro (o serviço de ordem do partido da Rifondazione Comunista que até pediu dias de folga nos empregos para esta acção cavalheiresca). Para além disso, os jornalistas achavam que teria sido muito fácil compilar publicamente, como nos anos 70, as listas de proscrição a partir da TV pública, aterrorizar, criar o pânico, e, com certeza, não estavam à espera de uma incursão pacífico mas determinada e colorida, como a realizada pela Casa Pound na sede da RAI.

Os rapazes já não obedecem
Isso quer dizer que tanto na esquerda como na direita dão-se conta que “os rapazes já não obedecem” às regras do jogo e querem destruir os esquemas reconstituídos; rapazes que recuperaram completamente um modelo “à 1919”, inconformista, situacionista, futurista, astuto, veloz, desestruturado, perfeitamente em linha com a velocidade da comunicação, sempre pronto militarmente e a modular a resposta adequada à reacção vermelha; sem exagerar ou cair no lado do culpado, mas sem recuar nem sequer meio centímetro.
Este facto a enlouquecer muitos: os velhos trombudos antifascistas de esquerda que não estavam à espera duma tão grande mutação antropológica do clássico rapaz fascista e que logo notaram como estão a mudar as regras do confronto; mas também os “novos antifascistas reaccionários de direita” que ao longo de anos trabalharam para desmobilizar o modelo comportamental activista, afastando lentamente os rapazes das praças partilhadas, após ter eliminado culturalmente aquele instinto são, primordial, espartano, alegre, da defesa activa, verdadeira linfa antropológica, verdadeiro modelo comportamental não absorvível, homogeneizado e/ou liquefeito.
Modelo comportamental com o qual, a partir de hoje, todos, e digo todos, terão que acertar contas.

Francesco Mancinelli
in Il Fondo Magazine

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Zentroportugal: Amor, Absinto, Revolução!

NRP Augusto de Castilho

O NRP Augusto de Castilho foi um navio caça-minas da Marinha Portuguesa na Primeira Guerra Mundial. Foi a última baixa portuguesa no conflito.
Originalmente a embarcação era um barco de pesca, denominado "Elite". Com a eclosão do conflito, recebeu uma peça de artilharia de 65mm a vante e outra, de 47mm a ré, sendo encarregado de missões de patrulha, rebaptizado em homenagem a Augusto de Castilho.
Em fins da guerra, recebeu como comandante o 1° Tenente Carvalho Araújo, zarpando de Lisboa na tarde do dia 8 de Outubro de 1918, com a missão de escoltar o vapor "Beira", em viagem para a Ilha da Madeira, onde chegaram a 11 do mesmo mês. Ali recebe a missão de escoltar o vapor "S. Miguel", de partida para Ponta Delgada, nos Açores, com duzentos e seis passageiros a bordo.
Tendo zarpado ao pôr do sol do dia 13 de Outubro, na velocidade de cruzeiro de 9 nós, às seis horas e quinze minutos da manhã do dia 14 ouviu-se o primeiro tiro contra o vapor "S. Miguel", pelo submarino alemão U-139, sob o comando de Lothar von Arnauld de la Perière. Para protegê-lo, esgotadas as caixas de fumo que lançara para despistar o inimigo, o caça-minas avança diretamente sobre o submarino alemão, passando a receber o fogo inimigo e dando tempo ao vapor para se distanciar. Após duas horas de combate, com vítimas fatais no convés, a artilharia danificada, a munição quase esgotada e tendo perdido a telegrafia e as máquinas, o caça-minas imóvel, rende-se. Um último tiro do submarino, entretanto, vitimou fatalmente o comandante Carvalho Araújo.
Dada a ordem de abandonar o navio pelo imediato Ferraz, os sobreviventes conseguiram lançar ao mar um salva-vidas onde se comprimiram trinta e seis homens. Doze outros sobreviventes, numa jangada improvisada, conseguiram autorização dos alemães para voltar a bordo e lançar um bote. O caça-minas foi então afundado pelos alemães, com o corpo do comandante coberto pela bandeira de Portugal e os dos demais auxiliares mortos em combate.

O fascismo não era «fascista»?

"Práticas agora chamadas «fascistas» como a eugenia forçada, o racismo institucionalizado, e o discurso do extermínio dos «povos inferiores», não só não ocorreram em Itália, como tiveram a sua origem nos democráticos Estados Unidos da América. Nos EUA esterilizavam-se por ordem judicial cidadãos julgados «incapazes» e restringiam-se os direitos dos cidadãos de pele negra nos estados sulistas, até ao ponto de impedi-los de beber das mesmas fontes ou usar os mesmos lavabos que os cidadãos de pele branca. Quanto ao genocídio, durante o século XIX praticou-se o extermínio das tribos índias que tinham a pouca sorte de ocupar terras cobiçadas pelos colonos brancos. Quando os nazis levaram a cabo essas práticas, não estavam a actuar como «fascistas» mas sim e reproduzir um modelo democrático, superando-o com uma eficiência germânica."

Adriana Inés Pena

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Solidarité Kosovo com novo sítio

A associação francesa "Solidarité Kosovo" tem como objectivo "realizar e promover acções de ajuda e solidariedade para com as populações sérvias do Kosovo". Desde a sua criação, em 2004, a associação já enviou diversos comboios humanitários para a região do Kosovo. Em França, o grupo organizou e promoveu inúmeras acções, entre conferências, debates e manifestações, com o objectivo de alertar a opinião pública para as condições de vida das populações sérvias do Kosovo.
A associação não recebe qualquer subvenção pública, funcionando graças à generosidade de doadores.

Revolta contra a Arquitectura Moderna

«A arquitectura pré-modernista foi concebida para aproveitar a luz solar para o aquecimento e iluminação dos edifícios (e as brisas, que também são produzidas pela acção solar no ar, para o arrefecimento). O desenvolvimento dessas técnicas tradicionais foi uma acumulação lenta e dolorosa de experiências ao longo de séculos. Foi a abundância anómala de petróleo e gás baratos na nossa época que permitiu aos construtores, e sobretudo aos arquitectos, preocupados com questões de estilo, afastarem-se das práticas tradicionais que tiravam partido da energia solar passiva. O século XX foi a era das curtain walls de vidro nos prédios de escritórios, das janelas que não abriam (ou que não existiam), das fachadas em titânio e de outras façanhas da moda destinadas a decorar os edifícios para proclamar o génio ousado e criativo de quem os concebia. Este comportamento narcisista só foi possível numa sociedade com uma energia barata, na qual pouco mais importava na arquitectura do que a moda e o estatuto associados a um lugar de vanguarda. Num museu concebido por Frank Gehry, pouco importava que entrasse ar ou luz, porque era para isso que serviam o ar condicionado e os focos de halogéneo. O que importava era que a cidade fosse abençoada com um objectivo da moda criado por um xamã célebre. Ora, nada está mais sujeito a desvalorizar-se por deixar de estar na moda do que uma coisa que só é valorizada por ser moderna.»

James Howard Kunstler
in "O Fim do Petróleo - O Grande Desafio do Século XXI", Bizâncio, 2006.

O Estado a que isto chegou...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

0% Racismo, 100% Identidade

Organização humanitária fora do comum, a "Comunità Solidarista Popoli" é uma associação não-governamental italiana que se concentra na ajuda a povos ou etnias ameaçadas de extinção, na luta pela sua identidade e pela própria sobrevivência sob condições precárias. Para além de ajudas essenciais, a associação tenta garantir meios às populações com que consigam assumir a sua própria autonomia. Neste momento, a Comunidade desenvolve projectos no Afeganistão e na Birmânia, junto ao povo Karen, encontrando-se também empenhada na causa Tibetana.

A Internet alterou o curso da batalha das ideias

«O aparecimento e o desenvolvimento da Internet alteraram o curso da batalha das ideias.
A “revolta das elites” foi imposta aos povos por intermédio dos grandes meios de comunicação centrais: televisões, rádios e grandes jornais; o seu método de funcionamento é vertical: a informação parte de um emissor e desce até um receptor.
A internet inverte a relação de forças entre o centro e a periferia. Na Internet cada um é ao mesmo tempo receptor e emissor.
Desta forma, o monopólio da imprensa é quebrado. Jean-Paul Cluzel, presidente da Rádio France, constatou-o: “nos sítios de internet, os internautas, jovens em particular, encontraram uma informação bruta que lhes parece mais objectiva e honesta.”

Diversas características da Internet contribuem para quebrar o monopólio da ideologia única difundida pela hiper-classe mundial:
– Primeiro, a internet permite a expressão da opinião privada que, por natureza, é mais livre que a opinião pública; o uso de pseudónimos pode ainda reforçar essa atitude; e os tabus impostos pela vida quotidiana desvanecem-se na Internet;
– Em seguida, a Internet permite uma propagação viral das mensagens; propagação que pode ser extremamente rápida e que força cada vez mais os meios de comunicação centrais a divulgar informações inicialmente ocultadas.
– Por fim, os motores de busca não têm – ainda – consciência política. São neutros, o que garante a factos e análises não conformes uma boa esperança de vida e de desenvolvimento na Internet.»

Jean-Yves Le Gallou
in "Douze thèses pour un gramscisme technologique"

Quem não lê, não é dos nossos

terça-feira, 11 de novembro de 2008

"Não podemos amar o que ignoramos"

«O bom português deve cultivar em si o patriota, que abrange o indivíduo, o pai e o munícipe e os excede, criando um novo ser espiritual mais complexo, caracterizado por uma profunda lembrança étnica e histórica e um profundo desejo concordante, que é a repercussão sublimada no Futuro da voz secular daquela herança ou lembrança...
É já grande o homem que subordina à Pátria, sem os destruir, os seus interesses individuais, familiares e municipais.
Por isso, o viver como patriota não é fácil, principalmente num meio em que as almas, incolores, duvidosas da sua existência, materializadas, não atingem a vida da Pátria, rastejando cá em baixo, entretido em mesquinhas questões individuais e partidárias. Mas para Portugal continuar a ser, precisamos de elevar até ele a nossa pessoa e conhecê-lo na sua lembrança e na sua esperança, na sua alma, enfim.
Não podemos amar o que ignoramos.
Impõe-se, portanto, o conhecimento da alma pátria, nos seus caracteres essenciais. Por ela, devemos moldar a nossa própria, dando-lhe actividade moral e força representativa, o que será de grande alcançe para a obra que empreenderemos, como patriotas, no campo social e político.
O político estranho à sua Raça não saberá orientar nem satisfazer as aspirações nacionais. É preciso que ele encarne o sonho popular e lhe dê concreta realidade. Do contrário, fará obra artificial, transitória e nociva, por contrariar e mesmo comprometer o destino superior de uma Pátria.
Sim: o bom português necessita de conhecer e comungar a alma pátria, a fim de se guiar por ela, no seu labor. Depois legislará, reformará ou criará literária e artisticamente uma obra duradoura e útil.»

Teixeira de Pascoaes
in «Arte de Ser Português», Assírio & Alvim (2007).

Actualidade

"Vivemos numa época em que os homens, impelidos por medíocres e selvagens ideologias, têm vergonha de tudo. Vergonha de si próprios, vergonha de ser felizes, de amar e criar (...). Portanto, há razões para nos sentirmos culpados. Eis-nos arrastados para o confessionário laico, o pior de todos."

Albert Camus
in"Escritos Políticos".

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A beleza da acção

Por uma cidade de dimensão humana

«O urbanismo sofre desde há cinquenta anos a ditadura da fealdade, do sem-sentido e do curto prazo: cidades-dormitório sem horizonte, zonas residenciais sem alma, subúrbios cinzentos que servem de esgotos municipais, intermináveis centros comerciais que desfiguram a entrada das cidades, proliferação de "não-lugares" anónimos concebidos para utentes apressados, centros urbanos exclusivamente dedicados ao comércio e aos que foram despojados do seu ambiente tradicional (cafés, universidade, cinemas, teatros, praças, etc), justaposição de imóveis sem um estilo comum, bairros degradados e entregues ao abandono ou, pelo contrário, permanentemente vigiados por guardas e câmaras de vigilância, desertificação rural e sobrepopulação urbana...
Já não se constroem habitats para viver, mas para sobreviver num ambiente urbano desfigurado pela lei da rentabilidade máxima e da funcionalidade racional. Ora, um habitat é antes de mais um habitat: trabalhar, circular e habitar não são funções que podem ser isoladas, mas antes actos complexos que afectam a totalidade da vida social. A cidade deve ser repensada como o local de encontros de todas as nossas potencialidade, o labirinto das nossas paixões e das nossas acções, em vez de expressão geométrica e fria da racionalidade planificadora. Arquitectura e urbanismo inscrevem-se, por outro lado, numa história e geografia singulares, e devem ser o seu reflexo. Isto implica a revalorização de um urbanismo enraizado e harmonioso, a reabilitação dos estilos regionais, o desenvolvimento das vilas e das pequenas cidades em forma de rede, em torno de cidades regionais, a promoção das zonas rurais, a destruição progressiva das cidades-dormitório e as concentrações estritamente comerciais, a eliminação de uma publicidade omnipresente, assim como a diversificação dos meios de transporte: abolição da ditadura do automóvel individual, transporte ferroviário de mercadorias, revitalização do transporte colectivo, consideração pelos imperativos ecológicos...»

Alain de Benoist

Templo Romano de Évora

O templo romano de Évora está localizado na cidade de Évora, em Portugal; faz parte do centro histórico da cidade, e foi classificado como Património Mundial pela UNESCO. É um dos mais famosos marcos da cidade, e um símbolo da presença romana em território português.
Embora o templo romano de Évora seja frequentemente chamado de Templo de Diana, sabe-se que a associação com a deusa romana da caça teve origem numa lenda criada no século XVII. Na realidade, o templo foi provavelmente construído em homenagem ao imperador Augusto. O templo foi construído no século I d.C. na praça principal (fórum) de Évora - então chamada de Liberatias Iulia - e modificado nos séculos II e III. No século V, Évora foi invadida pelos povos germânicos, e foi nesta época em que o templo foi destruído; hoje em dia, suas ruínas são os únicos vestígios do fórum romano na cidade.

As ruínas do templo foram incorporadas numa torre do Castelo de Évora durante a Idade Média. A sua base, colunas e arquitraves continuaram incrustadas nas paredes do prédio medieval. Esta utilização da estrutura do templo ajudou a preservar seus restos de uma maior destruição. Finalmente, depois de 1871, as adições medievais foram removidas, e o trabalho de restauração foi coordenado pelo arquiteto italiano Giuseppe Cinatti. O templo original provavelmente era similar à Maison Carrée de Nîmes (França).

domingo, 9 de novembro de 2008

Mármore contra o Pântano

Boletim Evoliano #04

A Única Ideologia

«A ideologia politicamente correcta não é apenas dominante, tornou-se também a única ideologia.
Diz-se que “o maior truque do Diabo é fazer crer que não existe”. A força da ideologia politicamente correcta consiste em ter imposto a ideia que os debates ideológicos estavam ultrapassados. Mas como observou oportunamente Dominique Venner no “Le Siècle de 14”, não vivemos numa sociedade a-ideológica, mas numa sociedade saturada de ideologia, de uma ideologia única.
É por isso que não há mais debate ideológico nos grandes meios de comunicação social, já que os únicos que podem exprimir-se – incluindo nas páginas de “opinião” dos jornais – são aqueles que respeitam os cânones da ideologia única.
Desde 1968, há quarenta anos, através de repressão judicial e de afastamento intelectual, político ou mediático, a liberdade de opinião e a diversidade de expressão não cessaram de ser reduzidas.»

Jean-Yves Le Gallou
in "Douze thèses pour un gramscisme technologique"