quarta-feira, 15 de outubro de 2008

É preciso intensificar a acção política

Com frequência temos que reprovar a atitude daqueles que, lançando-se no combate político, se convencem de que os êxitos estão à espera deles ao virar da esquina.
Note-se que não se duvida da sinceridade e do empenho desses que de vez em quando aparecem a bradar orgulhosos que "agora é que é". A razão da censura está até no facto oposto, ou seja o verificar-se que essas pessoas, em geral jovens, ao convencer-se de que estão destinados à vitória e que esta está à porta, ficam evidentemente fragilizados. A vida mostra que esses militantes, ardorosos, são também os mais vulneráveis às desilusões, aos inevitáveis fracassos, às derrotas e à frustração. Os mais exaltados de um momento são em geral os que no momento seguinte desaparecem aparentemente sem explicação.
Ensinou-nos a experiência que essa é a principal explicação das desistências: quem já acompanhou algumas fornadas sucessivas de jovens militantes aprendeu que muitos não são capazes de suportar a sensação de que todo o esforço é inútil, de que nada vale a pena, de que os sacrifícios são em vão. Ao fim de algum tempo é esse o estado de espírito em que mergulham, e acabam por desaparecer das fileiras. Não duram muito.
Em cada cem jovens que passam de uma forma ou de outra pela tentação nacionalista, contam-se pelos dedos das mãos os que ao fim de alguns anos persistem e se mantêm firmes no seu posto.
O motivo fundamental está nessa fragilidade: pensaram que era um caminho de vitórias, e nem sequer conseguiam esperar por elas. A fragilidade era psicológica, mais até do que ideológica (embora por vezes também esta seja importante).
Há que batalhar pela atitude contrária. Com lucidez, interiorizar a certeza de que o fim do combate não está à vista, não é "já ali".
Ver com realismo que todas as estruturas de poder, todos os mecanismos de controle social, todas as verdades instituídas, todo o edifício legal e institucional, todos os condicionamentos mentais existentes, são obstáculos que se erguem perante as nossas tentativas de acção política. Quem cultivar as ilusões do imediatismo está a enganar-se e a enganar outros. O gigantismo da tarefa não é de todo compatível com delírios românticos.
Dito isto, tranquilamente, é preciso depois sublinhar que a firmeza e a constância são qualidades essenciais do militante. E que aquilo que se faz não é inútil, pode ser é insuficiente, e em geral assim acontece. Nada daquilo que se faça é inútil, o que é preciso é fazer muito mais.
A realidade não é imutável, as circunstâncias não são inultrapassáveis, o inimigo não é invencível. Porém, há que lutar, e persistir na luta, até alcançar. O mundo só tem o sentido que nós lhe dermos. A história é feita pelos homens. Yes, we can.

Camisanegra

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