quinta-feira, 26 de junho de 2008

George Sorel (I)

"«Sorel, enigma do séc. XX é uma transplanção de Proudhon, enigma do séc. XIX», escrevia Daniel Halévy no seu prefácio do livro de Pierre Andreu, Notre Maitre (Grasset, 1953). Com efeito, um enigma que este doutrinador edificou como um gigante de orelhas coladas sobre as têmperas, nariz forte, olho claro, a barba branca. Enigma, este socialista obstinado, indisposto perante a Revolução, simpatizante da "Action Française", admirador de Renan, Hegel, Bergson, Maurras, Marx e Mussolini.

George Sorel nasceu em Cherbourg a 2 de Novembro de 1847. É duplamente normando: pela Mancha e por Calvados. O seu primo germano, Albert Sorel, far-se-á historiador do Império e da Revolução.
Politécnico, engenheiro de pontes e de estradas, Sorel só se consagra aos problemas sociais a partir de 1892. (...)

Publicado pela primeira vez em 1908 Réflexions sur la Violence reapareceu em 1973 na colecção «Études sur le Devenir Social», cujo director é Julien Freund, professor na Universidade de Strasbourg.
O livro apareceu de improviso como a obra base do sindicalismo revolucionário.
Hostil ao socialismo parlamentar e a Jean Jaurès, que acusa de se ter alimentado de ideologia burguesa, George Sorel opõe-lhe aquilo a que chama a «Nouvelle École». Esta vê na greve a forma essencial de reivindicação social. É por meio da greve geral que a sociedade será dividida em fracções inimigas e o Estado burgês destruído. A greve é a «manifestação mais brilhante da força individualista nas massas sublevadas».
A greve implica a violência. Ao contrário dos socialistas do seu tempo (excepção feita a Proudhon), Sorel não opõe o trabalho à violência. Recusa-se a glosar o «desejo de paz dos trabalhadores». A violência é para si um acto do guerra: «Um acto de pura luta, semelhante à de um exército em campanha», escreve ele.
«Esta assimilação entre a greve e a guerra é decisiva, indica Claude Polin no prefácio da nova edição de Réflexions, já que tudo o que diz respeito à guerra se produz sem ódio e espírito de vingança: na guerra não se matam os vencidos; não se inflinge, a seres inofensivos, as consequências dos dissabores que os exércitos podem ter experimentado no campo de batalha.» O que explica a razão porque Sorel reprova a «violência-vingança» dos revolucionários de 1793: «Não se deve confundir a violência com as brutalidades sanguinárias que não levam a nada»."

Alain de Benoist
in "Nova Direita Nova Cultura – Antologia crítica das ideias contemporâneas", Lisboa, Fernando Ribeiro de Mello/Edições Afrodite, 1981.

1 comentário:

Flávio Gonçalves disse...

Oh Diabos, se calhar é boa ideia eu ler esta obra.